Justiça suspende as multas de restaurantes e bares com notificações genéricas da Covid-19

Justiça concedeu, em 20 de novembro, liminar a Abrabar proibindo notificações sem todas as especificações das irregularidades

O juiz Marcelo de Resende Castanho, do Poder Judiciário da 2ª Vara da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba, acatou pedido da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar) e suspendeu os efeitos de notificações genéricas emitidas contra restaurantes, bares e lanchonetes, nas ações de enfrentamento da pandemia da Covid-19. As anotações, sem especificações definidas, acabavam cerceando o direito de defesa dos estabelecimentos.

O novo despacho do juiz teve como base a liminar concedida à Abrabar, em 20 de novembro, para que os agentes do Departamento de Fiscalização da Prefeitura de Curitiba se abstessem de emitir notificações genéricas contra os estabelecimentos do setor. Desde então, a entidade passou a juntar novas notificações lavras pela municipalidade em desacordo com a decisão anterior.

“Neste sentido, estendo os efeitos da decisão proferida também para as notificações juntadas, de forma a suspendê-las até ulterior decisão”, anotou Marcelo Castanho no novo despacho. De acordo com a advogada Vanessa Grassi, que representa a Abrabar na ação, as notificações sem especificar quais os descumprimentos dos decretos e normas estavam ocorrendo, deixam o setor de braços atados.

“Sem este detalhamento das irregularidades, os estabelecimentos ficavam sem condições de corrigir as distorções ou fazer uma defesa administrativa correta, tendo sua liberdade praticamente cerceada”, disse a advogada. A Abrabar lembra que a liminar foi concedida determinado que as notificações a partir de então (20 de novembro) detalhassem de forma pormenorizada dizendo quais eram os descumprimentos das normas e decretos.

Ponto por ponto

“Mesmo dizer aglomeração, pura e simplesmente, segundo o juiz, não seria suficiente. Teria que fazer uma explicação detalhada”, reforçou o presidente da entidade, Fábio Aguayo. De acordo com ele, mesmo após o despacho do juiz e a ciência da Prefeitura e Departamento de Fiscalização, as notificações continuaram sendo genéricas.

A Abrabar passou a levar ao juízo notificações recebidas pelos associados e imagens internas do momento das abordagens. Com isso, Marcelo Castanho proferiu novo despacho suspendendo a eficácia destas notificações até o julgamento do mandado de segurança. “Acreditamos que neste julgamento as notificações sejam definitivamente anuladas”, disse Aguayo.

De acordo com a advogada Vanessa Grassi, a orientação aos associados é que continuem enviando as notificações. “A intenção da entidade não é atrapalhar ou evitar as fiscalizações, mas que sejam feitas de forma correta e transparente”, concluiu.

70% dos bares e restaurantes estão com as contas vencida e podem ficar sem luz

Abrabar abriu negociação com a Copel para parcelamento das dívidas do setor

Após cinco meses de pandemia do novo Coronavírus, a situação dos empresários de gastronomia e entretenimento é preocupante com as contas vencidas. A Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar) abriu negociação com a Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel) para parcelamentos e  reparcelamentos e evitar cortes do serviço no setor.

Os pleitos foram apresentados em audiência com o diretor jurídico da Copel, Eduardo Vieira e o superintendente comercial de distribuição, João Acyr Bonat Junior. Mais de 70% da categoria está com problemas de contas em atrasos e risco de ficar sem fornecimento de energia elétrica, informou o presidente da Abrabar, Fábio Aguayo. 

Com a nova determinação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que permite o corte no serviço em caso de atraso, mesmo durante a pandemia do novo Coronavírus. Este fato fez aumentar o medo dos empresários, que não vislumbram outros caminhos senão negociar. 

“Temos a informação que mais de 150 mil estabelecimentos do nosso setor estão com algum problema com a Copel”, disse Aguayo. A Companhia está pressionando, a Abrabar está tentando fazer o entendimento, ressaltou. “Achamos que é justo pagar as contas, porque eles precisam manter os funcionários. Mas também tem que entender o nosso lado”, ressaltou. 

Portas fechadas
O presidente da Abrabar lembra que, em função da pandemia, a maioria das Prefeituras e, no caso do Paraná, o governo do Estado também fechou os estabelecimentos e chegaram contas altas mesmo com locais sem atividades. “Muitos não tem condição de pagar porque não estão gerando receitas”. 

“Então, acho que agora é hora de bom senso, evitar o corte, muitos locais tiveram corte e a luz cortada em funcionamento, o que trouxe constrangimento para a categoria”, informou Aguayo, que fez um apelo: “Temos que evitar isso”. 

Diálogo
Na reunião com os diretores, a entidade criou um canal de diálogo permanente para levar as demandas até a Copel, para encontrar uma solução e que todos possam sair vencendo, a Copel recebendo o que pode e os estabelecimentos pagando o que podem, sem onerar. 

“É obvio que, com a entrada dos 10% do movimento facilita muito essas negociações de parcelamentos que estavam antes da pandemia e que não puderam ser honradas devido essa situação atual”, afirma o presidente. 

A intenção é manter este canal para a categoria entrar em contato, através das redes sociais, e que a Abrabar possa ajudar a solucionar as questões. “Todos para nós são importantes nesse momento”, ressaltou Aguayo.

Sem pagamento
O entendimento será importante, uma vez que os empresários não terão como honrar os pagamentos se não tiver funcionamento. “Com luz cortada ninguém consegue gerar receita. Tem que ter essa sensibilidade acima do normal nesse momento excepcional que estamos passando”

“Entedemos que são companhias e os acionistas precisam ser pagos. Mas também esses empresários, essas famílias precisam gerar receita para pagar salários, para pagar as contas, inclusive as contas de luz e fornecedores”, concluiu o presidente da Abrabar.