Segmento responde por 61% dos empregos gerados pela atividade turística no Brasil; No Paraná, por 69% dos postos de trabalho
O setor de alimentação em números e estatísticas. Partindo deste enfoque, a Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar) elaborou um estudo detalhado com informações sobre a representatividades do segmento no Brasil e no Estado do Paraná e os impactos provocados pela pandemia da Covid-19, infecção provocada pelo novo Coronavírus.
A análise tem como base as informações oficiais publicadas por órgãos federais, garantindo uma visão mais ampla sobre a representatividade de um dos setores mais importantes da economia, ressalta Fábio Aguayo, presidente da Abrabar que coordenou o estudo. “Venha conosto por este passeio”, convida.
Em 2012, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e o Ministério do Turismo (MTur) criaram o Sistema de Informações Integrado do Mercado de Trabalho no Setor Turismo (SIMT). Após esta iniciativa, as Atividades Características ao Turismo (ACT´s) foram divididas em oito categorias – Alojamento, Alimentação, Agências de Viagem, transportes Aéreo, Terrestre e Aquaviário, Aluguel de Transporte e Cultura e Lazer.
De acordo com o MTur, o turismo representou 8,1% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2018 (US$ 152,5 bilhões), gerando sete milhões de empregos formais no Brasil, que equivalia a 7,5% da mão de obra empregada no país. O número de postos de trabalho gerados de maneira indireta, chegou a 12,5 milhõesno mesmo ano, de acordo com o IPEA.
Potencial econômico
]A ACT que a ABRABAR representa, ou seja, o setor de alimentação, tem uma participação surpreendente quanto à geração de empregos. De acordo com o estudo, o segmento responde por 61% dos empregos gerados pela atividade turística no Brasil, seguido distante pelo Alojamento com 16% e o Transporte Terrestre, com 11% do total de novos postos de trabalho.
No Paraná, o setor de Alimentação tem uma relevância maior e atinge 69% dos empregos gerados a partir das atividades cacaracterísticas do turismo. Em segundo lugar, aparece com 12% os setores relacionados ao transporte e, fechando os três primeiros, aparece a Cultura e Lazer com 8% dos novos postos de trabalho.
O número de empresas voltadas às atividades de turismo no Brasil é um dos destaques do estudo da Abrabar. Em todo o país, são mais de 3,9 milhões de estabelecimentos que operam os oito setores das ACTs. No Paraná, este montante chega a 229,1 mil, ou 7,6% do total brasileiro.
Dentro deste contexto de empresas, o setor de Alimentação se destaca com mais de 2,6 milhões espalhadas por todo o pais, enquanto no Paraná, o total supera a casa de 206,1 mil estabelecimentos.
Perdas do setor
Para mensurar os impactos e perdas para o setor de alimentação no Paraná, provocados pela pandemia da Covid-19, estudo da Abrabar considerou apenas a matemática simples. “Podemos nos atrever a responder a esta pergunta de maneira lamentável, analisando o desempenho recente do nosso setor”, disse Aguayo.
O levantamento constatou que a atividade do turismo gerou, em 2019, US$ 152,5 bilhões, ou 7% do PIB brasileiro. O Paraná foi responsável por 7,67% deste resultado, ou seja, US$ 10,67 bilhões. “O setor de alimentação representa 69% das ACT’s, portanto, US$ 7,36 bilhões”, ressalta o presidente da Abrabar.
O ano, lembra Aguayo, possui 365 dias, e cada dia traria ao estado um resultado médio de US$ 20.170.684,93. Logo, o número de dias parados, representa a não geração de US$ 200.170.684,93 ou R$ 1.071.063.369,86.
Acompanhamento
A Abrabar foi a primeira entidade associativa a solicitar informações sobre os impactos da pandemia às autoridades de saúde municipais e estadual (Paraná), lembra o presidente. O documento foi protocolado ainda em janeiro de 2020, mas a resposta até hoje ainda não chegou.
Na medida em que a pandemia representava ameaças maiores na Europa e teve início de transmissão ainda individual no Brasil, a entidade buscou se reunir com a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, à espera de resoluções para o setor. A primeira data das tratativas ocorreu no dia 17 de março.
Já nesta data, a Abrabar apresentou uma série de ações que chamou de Compliance de ações ante a Covid-19, documento que está disponível em seu site www.abrabar.com.br. Neste período, existia uma recomendação de “não fechamento” do setor, por parte do chefe da área de Infectologia da mesma Secretaria Municipal.
“Diante de toda a mídia e com medo de perdas das vidas, assim como com o anúncio das possibilidades de acertos com os trabalhadores do setor de alimentação, posicionamo-nos junto aos órgãos competentes para orientar da melhor maneira os associados e demais representantes da área a não precisarem demitir os seus funcionários”, explica Fábio Aguayo.
Ponta do iceberg
Os efeitos da pandemia estavam apenas começando, uma vez que acordos de redução de jornada de trabalho, antecipação de férias e suspensão dos contratos de trabalho (com auxílios do governo em 50% do pagamento dos salários), além dos auxílios emergenciais, foram apenas o paliativo dentro de um cenário que com o passar do tempo somente piorou.
O presidente reforça que a posição da Abrabar sempre foi a de buscar as melhores opções junto aos órgãos de governo estadual, em especial com a Secretaria de Finanças, sendo que realizou dois encontros virtuais (lives) para esclarecimentos. O primeiro com uma pauta extensa, resultante de inquietações e dados do setor que proporcionalmente às ACT´s mais emprega no estado.
“Novo normal”
No estudo, a Abrabar apresenta sua visão sobre o “novo normal” para o período pós-pandemia. “Considerando alguns eventos clandestinos que acontecem não somente no Paraná, mas no Brasil, com temor, e esperamos estar errados, não acreditamos em um novo comportamento dos usuários do setor”, ressalta Aguayo.
Este comportamento, de acordo com ele, precisará ser ensinado por cada um dos estabelecimentos. “Neste sentido, a entidade também já se adiantou e criou um protocolo de ações ante a Covid-19, ainda no final de maio, disponível no site da enidade, informa.
Demissões e fechamento
A Abrabar lembra que as medidas não estão sendo suficientes para auxiliar o setor. O resultado da primeira reunião virtual que reuniu representantes importantes como o BRDE e Fomento Paraná, não surtiu efeito positivo. “Estamos falando de facilidades de crédito aos empreendedores do setor de alimentação”, diz Aguayo.
Bancos estavam sem acesso. As campanhas dos bancos privados foram enganosas e suas condições de exigência de garantias eram contrárias aos discursos pregados no início de nossas buscas por auxílio e esclarecimentos do setor.
Retomada de contratações
Os passos para a retomada das contrações, como antecipa Aguayo, vão incluir o treinamento da mão de obra para trabalhar afinada com os resultados de cada estabelecimento e isto não será tarefa simples. “Perder empregados, significa desestabilizar famílias”, lembra.
Voltar a contratar cada um dos funcionários demitidos é o desejo de qualquer dos associados da entidade ou representantes do setor. Mas antes de conseguir realizar as contratações, as portas precisam estar abertas, os usuários precisam sentir-se seguros em circular e naturalmente, as garantias ofertadas pelo Governo Federal, precisam ser praticadas pelos bancos privados e chegar às mãos dos empreendedores.
“Assim, decidimos trabalhar uma campanha didática para estimular a melhor compreensão sobre a representatividade de contratações diretas, indiretas e a luta para não acontecerem ainda mais demissões, demonstrando que os profissionais do setor (direta ou indiretamente), servem alimentação para todos os demais”, afirma o presidente.
Aguayo lembra que o protocolo de ações para a retomada está no Programa de Ações para Bares e Restaurantes publicado em final de maio no site da Abrabar. O referido estudo teve como referências os portais Panrotas, do Ministério do Turismo e do IPEA.