Retomada de investimentos e de obras são fundamentais ao turismo do litoral

Ações e projetos de melhoria da infraestrutura estão paralisados por interferência de Ongs e do próprio MP, afirmam entidades

A retomada dos investimentos e das obras de infraestrutura são fundamentais para o turismo e o desenvolvimento econômico e social do litoral paranaense. A avaliação é de representantes de entidades das áreas de gastronomia e entretenimento e turismo, que apoiam a audiência pública que será realizada nesta segunda-feira (21) pela Assembleia Legislativa do Paraná.

As entidades do turismo, especialmente a Abrabar e SindiAbrabar, Feturismo, CNTur, entre outras, tem que defender o governo do Estado para essa retomada do litoral paranaense. “O líder do governo (deputado Hussein Bakri) tem toda razão de questionar as Ongs e até o Ministério Público que tentam atrasar o desenvolvimento”, afirma Fábio Aguayo, presidente da Abrabar.

“O progresso é importante para o litoral que ficou muito tempo atrasado”, dizem as entidades. Que lembram que no Nordeste e mesmo no Sul do país, como o estado de Santa Catarina, tem avançado nas obras de melhoria da infraestrutura para o turismo. 

“O setor do turismo será a mola do crescimento de todos esses países que hoje estão em recessão. Quando passar a pandemia, as pessoas vão precisar viajar, conhecer outros lugares”, ressaltou Aguayo. Ele reforçou que a meta agora é o turismo regional, que precisa ser fortalecido.

Aguayo lembra que as entidades, no início do ano passado, pediram ao governador Ratinho Junior que assinou medida retirando diversas atribuições e extinguindo o Conselho de Desenvolvimento Territorial do Litoral Paranaense (Colit). O órgão travava a maioria dos projetos de obras na região do litoral.

Em março de 2019, uma campanha defendeu a retomada da licitação e a execução da rodovia em Pontal do Paraná, a chamada Faixa de Infraestrutura, entre outras ações, como a engorda da praia de Matinhos. O movimento “SOMOS TODOS LITORAL: Sem infraestrutura não tem turismo – #salveolitoral” reuniu 16 entidades de classe.

Audiência

Os projetos de obras e investimentos no Litoral do Paraná, em especial a engorda da orla de Matinhos, serão tema de audiência pública nesta segunda-feira (21), às 19h com transmissão ao vivo pela TV Assembleia, canal 10.2 em tv aberta e 16 pela Claro/Net, além do site e redes sociais do Legislativo.

O evento, proposto pelo presidente Ademar Traiano (PSDB), primeiro secretário Luiz Claudio Romanelli (PSB) e o líder do Governo, Hussein Bakri (PSD), terá participação de representantes do Executivo e Legislativo estadual, sociedade civil organizada do Litoral, entidades comerciais locais e demais esferas do poder público.

Contexto

Maior projeto de reurbanização do Litoral e um dos maiores de infraestrutura do Paraná, a revitalização da orla de Matinhos foi anunciada pelo Governo com um investimento de R$ 513 milhões. A intenção é que processo de licitação ocorra ainda neste ano e as obras comecem em 2021.

Outro ponto que deve ser abordado no debate é o projeto do Governo do Estado para a construção da Ponte de Guaratuba. O edital de licitação, de R$ 12,7 milhões, para a escolha do consórcio de empresas para a realização dos estudos ambientais e execução do projeto de engenharia da ponte foi lançado pelo governo, mas uma decisão da Justiça, suspendeu o processo.

Uma obra já anunciada, em agosto, pelo Governo do Estado, e que conta com recursos da economia da Assembleia Legislativa do Paraná, é a duplicação da Avenida JK (PR-412), em Matinhos. O investimento é de R$ 34,57 milhões.

Outro projeto de duplicação que beneficia o Litoral vai ampliar a capacidade de tráfego em 13 quilômetros da PR-407, entre os quilômetros 6 e 19, de Paranaguá até Praia de Leste, em Pontal do Paraná.

Utilização de Radiação Ultravioleta-C em ambientes do turismo

Susan Renée Klein

Um estudo da OMS realizado em 1983 definiu a “Síndrome dos Edifícios Doentes – SED” como os edifícios-objeto de queixas de pessoas que relatavam situações de desconforto e sintomas de doenças por trabalharem em grandes edifícios da América do Norte e Europa Ocidental desde os anos 70. Este estudo, tornou-se um problema de saúde pública a ser estudado de “forma global e sistemática” (LEMOS, 1997). De acordo com Krippahl (2006), o “Edifício Doente” está associado ao aumento de absentismo e rotação do pessoal, redução da eficiência do trabalho humano, pausas prolongadas e frequentes, menor produtividade no trabalho, insatisfação de clientes e colaboradores.

Diante do horizonte de retomada da atividade turística é importante que o setor de hospitalidade preparados para receber os hóspedes da maneira mais segura possível. Assim, cabines de navios de passageiros, cabines dos tripulantes, espaços comuns de convivência esterilizados poderão atrair usuários, se tiverem a garantia de que os ambientes estarão saudáveis.

Os ambientes doentes (navios, edifícios comerciais, hotéis, edifícios antigos residenciais) como ambientes com prevalência de sintomas em seus ocupantes que incluem: dor de cabeça, problemas nos olhos (irritação, dor, secura, coceira, lacrimejamento), problemas nasais (constipação, coriza ou irritação), problemas de garganta (secura, dor ou irritação), problemas no tórax (sensação de opressão ou dificuldade respiratória), fadiga e letargia (sonolência e debilidade), anormalidades na pele (secura, coceira, irritação), e problemas para manter a concentração no trabalho (STERLING, 1983).

O ar dos ambientes confinados oferece condições adequadas de temperatura e umidade para o desenvolvimento de agentes infecciosos e alergênicos. A umidade relativa do ar e algumas temperaturas elevadas são satisfatórias ao crescimento desses microrganismos. De acordo com Pelczar et al. (1996), a transmissão de microrganismos patogênicos – bactérias, vírus ou fungos, pelo ar, para indivíduos inicialmente saudáveis, pode acarretar em infecções sérias e muitas vezes letais, como muito se tem observado pelo alto grau de contaminação da COVID-19. A transmissão e contaminação podem ocorrer por inalação, gotículas de água em suspensão ou partículas de poeira, provenientes de roupa de cama ou solo contaminado, que são imperceptíveis aos nossos olhos.

A propagação por gotículas ou aerossóis, contendo numerosas gotículas e inúmeros microrganismos, pode ocorrer por fonte humana (tosses e espirros), ou por fontes ambientais – aerossóis produzidos por água contaminada de equipamento de ar-condicionado ou mesmo bolhas de ar originadas de águas doces e salobras (embarcações), que eclodem na superfície. A propagação por poeira infecciosa pode ser por fontes humanas, decorrente da secagem dos resíduos de tosse e espirros sobre superfícies secas – roupa de cama ou assoalho, ou por fonte ambiental – poeira originada de solo contaminado.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1980 – NBR 7256), recomenda a esterilização de ambientes para controle da tuberculose nosocomial por irradiação ultravioleta. Os processos de desinfecção por este mecanismo germicida, são eficientes pois a radiação altera o DNA das células incapacitando a sua reprodução e consequente proliferação dos microrganismos.

Com a preocupação atual sobre o bioterrorismo em ambientes de concentrações humanas, em especial os espaços de turismo como, navios de cruzeiro, aviões ou aeroportos, os processos de desinfecção microbiana necessariamente precisaram mudar de modo a proteger os ocupantes destes locais públicos. A radiação UVC, como um dos mecanismos acessíveis, viáveis e sustentáveis tornou-se uma das melhores opções para resultados eficientes e rápidos, sem geração de resíduos ou depósito de substâncias causadoras de outras formas de irritação.

O processo de radiação por UVC é um método efetivo e rápido para a desinfecção adequada de microrganismos – fungos, algas, vírus e bactérias, presentes no ar de ambientes confinados, sendo que o tempo de exposição da fonte a um metro de distância de paredes ou anteparos deve ser de pelo menos 1 minuto, com uma ou duas lâmpadas UV-C. Considerando que cada microrganismo teve um tempo para ser alterado, de acordo com Wutke (2.006) e completando com dados da ANVISA, é possível aplicar a relação 1-3min/m³ considerando uma única fonte irradiadora.

A necessidade de comprovação de resultados e eficácia de uso para a área do turismo, exigiu, a busca pelo processo por amostras coletadas antes e após aplicação de radiação UVC no ambiente. A FETURISMO – PR acompanhou a coleta de amostras e seus resultados surpreendentes, com eficácia de 98,03% em uma amostra e 99,7% em outra. As coletas foram realizadas em uma pousada no litoral do estado do Paraná (Paranaguá) em 15/06/2020, antes e depois da aplicação de UVC no ambiente. O laudo comprobatório foi entregue pelo laboratório de análises na data de 17/06/2020.

Ambientes que recebem aplicação de radiação UVC para combate do número de microrganismos presentes no ar ou mesmo anteparos como portas, mobiliários, forrações, carpetes, sendo que os estudos apresentados neste trabalho começaram em 1983 e 1994 tiveram reconhecimento da Organização Mundial da Saúde, tornam-se ambientes saudáveis.

Um navio de passageiros pode vender suas UH com a segurança de poder acomodar os seus turistas com conforto, em ambientes saudáveis livres de agentes patógenos e alergênicos e seguros. Se este era um ponto impeditivo para a retomada do turismo em navios de passageiros, passou a não ser mais. Então, que venham os navios de passageiros para a nossa costa brasileira!

Susan Renée Klein é Mestre em Turismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)